Durban - 11 de dezembro de 2011 – Nesta noite, durante o encerramento das negociações sobre o clima em Durban, foi instituída a inédita a Plataforma de Durban, com o objetivo de negociar um novo acordo global até 2015. Porém, os cientistas afirmaram que o mundo continua seguindo uma trajetória que culminará em mais de 3°C de aquecimento e prováveis impactos de grande escala, disse hoje o Climate Action Tracker*.
O acordo em Durban para o estabelecimento de um novo órgão que negociará um acordo global (Grupo de Trabalho Ad Hoc da Plataforma de Durban para Ações Reforçadas) em 2015 representa um grande passo à frente. No entanto, os cientistas do Climate Action Tracker afirmaram que o acordo não influenciará de imediato a perspectiva de emissões para 2020, além de ter adiado decisões sobre novas reduções de emissões. Eles alertaram que os custos para reparar esse adiamento serão progressivamente maiores.
O Climate Action Tracker estima que o aquecimento global médio chegará a cerca de 3,5°C até 2100 com as atuais propostas de redução apresentadas, insuficientes para limitar o aumento da temperatura a 2°C.
O aquecimento acima de 3°C poderá fazer com que vários pontos críticos potenciais estejam mais próximos de se tornar realidade em escala global, tais como:
- Possível desaparecimento da Floresta Amazônica
- Substituição permanente de recifes de corais por algas e ervas marinhas
- Perda irreversível das camadas de gelo na Groenlândia, datadas de muitos séculos a milhares de anos
- Risco de liberação de hidratos de metano em sedimentos de fundo do oceano, aumentando ainda mais o aquecimento
- Descongelamento do permafrost** devido à rápida elevação das temperaturas do Ártico
O Website do Climate Action Tracker postou hoje os possíveis cenários de impactos com aquecimentos de 1,5°C, 2°C e 3-4°C.
Os custos de adaptação e os danos residuais das mudanças climáticas aumentarão rapidamente com o aquecimento. Estimativas indicam que os custos mais elevados serão presenciados na África Ocidental e Sul da Ásia, com dano residual de 3,5% do PIB regional para um aquecimento de 2°C e de 5 a 6% para um aquecimento 3°C. Com um aquecimento de 2°C, os custos de adaptação representariam metade dos custos associados a um aumento de temperatura 3°C.
O Climate Action Tracker lançou hoje um infográfico que mostra uma gama de impactos caso nos arrisquemos a ultrapassar níveis de aquecimento acima de 3°C.
"O ponto positivo de Durban foi a reabertura das portas pelos governos para um acordo legalmente vinculativo global, envolvendo os principais emissores do mundo, uma porta que muitos acharam que havia sido fechada na Conferência de Copenhague em 2009", disse Bill Hare, diretor da Climate Analytics.
"Agora nos resta tomar medidas mais ambiciosas para reduzir as emissões, mas até que isso ocorra continuaremos caminhando para um aquecimento superior a 3°C. Ainda não há novos compromissos a serem apresentados e o resultado do processo acordado em Durban para reforçar as aspirações e as reduções de emissões é incerto."
"Ainda há opções disponíveis para fechar a lacuna entre a atual mitigação global planejada e o que é necessário para manter o aquecimento abaixo de 1,5 ou 2°C, desde que atitudes sejam tomadas rapidamente", disse Niklas Höhne, Diretor de Energia e Políticas Climáticas na Ecofys. "As alternativas de redução de emissões estão cada vez mais escassas".
* A organização Climate Action Tracker reúne cientistas que estudam as previsões das emissões de gases-estufa e suas consequências de acordo com o andamento das negociações.
** Permafrost é o solo (incluindo rocha, matéria orgânica e a água no solo) que permanece a temperaturas inferiores a 0ºC por períodos superiores a 2 anos (Everdingen, 1998). - Extraído de: Website da ANTEEC - Antarctic Environments and Climate Change
Texto Original extraído de: Climate Action Tracker Website
Tradução: Débora Andrade Pereira
